sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


A Menina do Vestido Azul

Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita.

Acontece que essa menina freqüentava as aulas da escolinha local no mais lamentável estado:
suas roupas eram tão velhas que seu professor resolveu dar-lhe um vestido novo.

Assim raciocinou o mestre:
é uma pena que uma aluna tão encantadora venha às aulas desarrumada desse jeito.
Talvez com algum sacrifício, eu pudesse comprar para ela um vestido azul.

Quando a garota ganhou a roupa nova, sua mãe não achou razoável que, com aquele traje tão bonito, a filha continuasse a ir ao colégio suja como sempre, e começou a dar-lhe banho todos os dias, antes das aulas.

Ao final de uma semana, disse o pai:

Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more num lugar como este, caindo aos pedaços?

Que tal você ajeitar um pouco a casa, enquanto eu, nas horas vagas, vou dando uma pintura nas paredes, consertando a cerca, plantando um jardim?

e assim fez o humilde casal.

Até que sua casa ficou muito mais bonita que todas as casas da rua e os vizinhos se envergonharam e se puseram também a reformar suas residências.

Desse modo, todo o bairro melhorava a olhos vistos, quando por isso passou um político que, bem impressionado, disse:

É lamentável que gente tão esforçada não receba nenhuma ajuda do governo”

E dali saiu para ir falar com o prefeito, que o autorizou a organizar uma comissão para estudar que melhoramento eram necessário ao bairro.

Dessa primeira comissão surgiram muitas outras e hoje, por todo o país, elas ajudaram os bairros pobres a se reconstruírem.
E pensar que tudo começou com um vestido azul.

Não era intenção daquele simples professor, consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse os bairros abandonados de todo o pais.

Mas ele fez o que podia, ele deu a sua parte, ele fez o primeiro movimento, do qual se desencadeou toda aquela transformação.
É difícil reconstruir um bairro, mas é possível dar um vestido azul.

A.D.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010



O bordado da vida


Quando eu era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu me sentava no chão, olhava e perguntava o que ela estava fazendo. Ela respondia que estava bordando. Todo dia era a mesma pergunta e a mesma resposta. Observava seu trabalho de uma posição abaixo de onde ela se encontrava sentada, e repetia: “Mãe, o que a senhora está fazendo?”

Dizia-lhe que, de onde eu olhava, o que ela fazia me parecia muito estranho e confuso. Era um amontoado de nós e fios de cores diferentes, compridos, curtos, uns grossos e outros finos…Eu não entendia nada.

Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente me explicava: “Filho, saia um pouco para brincar, e quando terminar meu trabalho eu chamo você e lhe coloco em meu colo. Deixarei que veja o trabalho de minha posição”.

Mas eu continuava a me perguntar lá de baixo: Por que ela usava alguns fios de cores escuras e outras claras? Por que me pareciam tão desordenados e embaraçados? Por que estavam tão cheios de nós e pontos? Por que não tinham ainda uma forma definida? Por que demorava tanto para fazer aquilo?

Um dia, quando eu estava brincando no quintal,ela me chamou. “Filho, venha aqui e sente em meu colo”. Eu sentei no colo dela e me surpreendi ao ver o bordado. Não podia crer. Lá de baixo parecia tão confuso! E, de cima, eu vi uma paisagem maravilhosa! Então minha mãe disse:

- “Filho, de baixo para cima parecia confuso e desordenado porque você não viu que na parte de cima havia um belo desenho… Mas, agora, olhando o bordado da minha posição, você sabe o que eu estava fazendo”.

Muitas vezes, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e dito: “Pai, o que estás fazendo?” Ele parece responder: “Estou bordando a sua vida, filho”. E eu continuo perguntando: “Mas está tudo tão confuso…Pai, tudo está desordenado. Há muitos nós, fatos ruins que não terminam e coisas boas que passam rápido. Os fios são tão escuros… Por que não são mais brilhantes?”

O Pai parece dizer: “Meu filho, ocupe-se com seu trabalho, descontraia-se…confie em mim. Eu farei o meu trabalho. Um dia, colocarei você em meu colo, e então vai ver o plano da sua vida da minha posição”.

Às vezes não entendemos o que está acontecendo em nossas vidas. As coisas são confusas, não se encaixam e parece que nada dá certo. É que estamos vendo o avesso da vida. Do outro lado, Deus está bordando.


Autor desconhecido

sábado, 23 de janeiro de 2010

A Velhinha das Sementes

Um homem morava numa cidade grande e trabalhava numa fábrica. Todos os dias ele viajava cinqüenta minutos de ônibus para ir ao trabalho. No ponto seguinte ao dele entrava uma senhora, que procurava sempre se sentar na janela. Ela abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora do ônibus.
A cena sempre se repetia e um dia, curioso, o homem perguntou à velhinha o que ela jogava pela janela.
“Jogo sementes”, ela respondeu.
“Sementes? Sementes do que?”
“De flor. É que eu olho para fora e a estrada é tão vazia... Gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo o caminho. Imagine como seria bom!” Disse a mulher.
“Mas as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos... A senhora acha mesmo que essas flores vão nascer na beira da estrada?”
“Acho, meu filho. Mesmo se muitas se perderem, algumas acabam caindo na terra e, com o tempo, vão brotar”.
“Mesmo assim... Demoram para crescer, precisam de água...”
“Ah, eu faço minha parte. Sempre há dias de chuva. E se eu não jogar as sementes, aí mesmo é que as flores nunca vão nascer”.
Dizendo isso, a velhinha virou-se para a janela aberta e começou seu “trabalho”.
O homem desceu logo adiante, achando que a senhora já estava meio caduca.
O tempo passou.
Um dia, no mesmo ônibus, sentado à janela, o homem levou um susto ao olhar para fora e ver flores na beira da estrada... Muitas flores. A paisagem estava colorida, perfumada, linda! O homem lembrou-se da velhinha, procurou-a no ônibus e acabou perguntando para o cobrador, que conhecia todo mundo.
“A velhinha das sementes? Pois é... Morreu no mês passado”.
O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela. “Quem diria, as flores brotaram mesmo”, pensou, “mas o que adiantou o trabalho da velhinha? A coitada morreu e não pôde ver esta beleza toda”.
Neste instante, o homem escutou uma risada de criança. No banco da frente, uma garotinha apontava para a janela entusiasmada: “Olha que lindo! Quanta flor pela estrada... Como se chamam aquelas flores?”
Então o homem entendeu o que a velhinha tinha feito. Mesmo não estando ali para contemplar as flores que havia plantado, a velhinha devia estar feliz. Afinal, ela tinha dado um presente maravilhoso para as pessoas. No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se numa janela e tirou um pacotinho de sementes do bolso.
Joguem também suas sementes... Pouco importa se verão as flores!